Saiba um pouco mais sobre o manejo de doenças de relevância agronômica para a agricultura brasileira

Por Bruno W. Ferreira1,2, Hígor S. Rodrigues1,3, Gabriela S. Rolim 1,4, Daniele Fontana 1,5 e Hélvio G. M. Ferraz1,6

1 Pesquisa e Desenvolvimento, Agrobiológica Sustentabilidade 2 Pesquisador Fitopatologia Agrobiológica Sustentabilidade 3 Pesquisador Entomologia Agrobiológica Sustentabilidade, 3 Pesquisador Entomologia Agrobiológica Sustentabilidade, 4 Pesquisador Nematologia Agrobiológica Sustentabilidade, 5 Gerente de Produtos Agrobiológica Sustentabilidade, 6 Diretor de P&D Agrobiológica Sustentabilidade

O mofo-branco é uma doença causada pelo fungo Sclerotinia sclerotiorum, um patógeno necrotrófico que ataca mais de 400 espécies de plantas e se encontra amplamente distribuído em várias partes do mundo. Dentre as culturas afetadas pela doença estão a soja, o feijão, girassol, algodão, amendoim, morango, tomate e muitas outras plantas de grande importância econômica. Além disso, este fungo é capaz de infectar e sobreviver também em diversas espécies de plantas daninhas.

O patógeno é bem adaptado a regiões chuvosas e frias. A doença é favorecida por ambientes úmidos, temperatura amena (10°C a 22°C) e baixa luminosidade.  

S. sclerotiorum sobrevive no solo através de escleródios, que são agregados compactos de micélio capazes de sobreviver até 10 anos, aproximadamente.

Em condições ambientais ideais e na presença do hospedeiro, esses escleródios germinam produzindo apotécios.

Os apotécios são estruturas reprodutivas sexuadas, pequenas, em formato de taça, capazes de gerar milhares de esporos sexuais denominados ascósporos. Esses esporos sexuais são liberados no ambiente e dispersos, sobretudo pelo vento. Ao caírem sobre a superfície do hospedeiro, em especial as flores, esses esporos germinam e infectam os tecidos da planta, colonizando-a.

Fig. A – Apotécios formados a partir da germinação de escleródios.
Foto: Daniele Fontana
Fig. B – Morte do tecido celular, crescimento do micélio cotonoso e formação de escleródios após infecção do fungo Scleriotinia slcerotiorum.
Foto: Daniele Fontana

Por se tratar de um fungo necrotrófico, os sintomas surgem rapidamente, iniciando-se com pequenas áreas necróticas de aspecto encharcado para extensas áreas necrosadas no tecido da planta. Folhas, flores, ramos, vagens e sementes podem ser afetados pelo patógeno.

Observa-se com o tempo a formação de um micélio branco, cotonoso, sobre a superfície doente, juntamente com a formação de novos escleródios, que garantirão a sobrevivência do fungo na ausência do hospedeiro e servirão como inóculo para início da doença na próxima safra.

Os escleródios produzidos pelo fungo, além de germinarem dando origem a apotécios, podem germinar produzindo hifas (germinação miceliogênica), embora esta se dê de forma menos frequente.

O mofo-branco é uma doença de difícil manejo, uma vez que métodos químicos ou culturais usados isoladamente, não tem apresentado bons resultados de controle. Além disso, não existem variedades resistentes a essa doença, para muitas culturas importantes. Dessa forma, o manejo integrado abrangendo várias táticas de controle, estrategicamente ajustadas, tem se mostrado a ferramenta mais viável e eficiente. Nesse contexto, o controle biológico do mofo-branco com o uso de fungos e bactérias, como agentes de biocontrole tem conquistado um espaço forte e insubstituível, para alcançar altas produtividades e controle satisfatório desta e de outras doenças.

Dentre os principais agentes de biocontrole para o manejo do mofo-branco, destacam-se os fungos do gênero Trichoderma, em especial as espécies Trichoderma asperellum e Trichoderma harzianum.

Essas espécies reúnem características essenciais para o sucesso de um agente de controle biológico de doenças, como: capacidade de crescimento rápido, possibilidade de utilização de uma variedade de substratos, elevada capacidade metabólica, natureza competitiva, rápida colonização da rizosfera, capacidade de estabelecer populações estáveis e compatibilidade com alguns agrotóxicos.

O principal mecanismo de ação de Trichoderma spp. no controle de S. sclerotiorum é o micoparasitismo. Trichoderma é capaz de parasitar escleródios e apotécios, degradando a parede celular das estruturas do patógeno pela ação de enzimas, como:

  • Quitinases,
  • Glucanases,
  • Proteases,
  • Celulases.

Além do micoparasitismo, a antibiose e a indução de resistência em plantas também são citadas como mecanismos de ação importantes no controle de S. sclerotiorum.

O Trippel® da Agrobiológica Sustentabilidade (Trichoderma asperellum) tem a capacidade de inviabilizar a germinação dos escleródios no solo, que contribui imensamente para a redução da doença na área e para a redução de inóculo para a próxima safra.

O correto posicionamento de produtos biológicos a base de Trichoderma é fundamental para obtenção de resultados promissores. O produto deve atingir o solo, preferencialmente os escleródios. Por tanto, a aplicação deve ser feita antes do fechamento do dossel das plantas e no período de entressafra.

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